Foi com emoção que alguns dias atrás, na
qualidade de ex-Comandante da Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias
(APMGD), recebi o convite para tomar parte na sessão solene do Curso de
Formação de Oficiais (CFO PM) na Assembleia Legislativa do Maranhão.
A solenidade ocorrida neste dia 22/03/2018, foi
uma iniciativa do Deputado Estadual César Pires que é Major da Reserva
Remunerada do Quadro de Oficiais Médicos Veterinários da Polícia Militar do
Maranhão (PMMA) e Professor da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em
cuja academia universitária, logrou o cargo de Magnífico Reitor.
Ouvindo atentamente aos que se manifestaram na
oportunidade: Deputado César Pires, Coronel Luongo (Subcomandante Geral da PMMA
e o primeiro Cel da primeira turma do CFO), Cel Sá (Comandante atual da APMGD e
integrante da primeira turma), Professor Gustavo (Magnífico reitor da UEMA),
julgo importante fazer uma abordagem, complementando alguns detalhes a respeito
de tão significativo momento.
Assim, de forma sintética torna-se necessário fazer
alguns recortes históricos.
a)
Formação
de Oficiais dos meados de 1960 até 1992
Até
meados da década de 1960, os oficiais da PMMA, eram oriundos do Exército
Brasileiro (ExB), entretanto, com o crescimento da instituição e a necessidade
de conhecimentos específicos na área da segurança pública, em 1963, entendeu o
comando da corporação que a formação dos oficiais deveria passar a ocorrer em Centros
de Formação das PMs, quando então foi encaminhado ao Estado de Minas Gerais, o
primeiro aluno policial militar[1] para frequentar uma Academia
de Polícia Militar.
Foi
um passo significativo nessa época, pois, eram poucos Estados da federação que
possuíam Academias de Polícia Militar, a saber: Academia de Polícia Militar do
Barro Branco (criada em 1910)[2], Academia de Polícia
Militar Coronel Hélio Moro Mariante (criada em 1916)[3], Academia de Polícia
Militar Dom João VI (criada em 1920)[4], Academia de Polícia
Militar de Minas Gerais (criada em 1934)[5] e Academia de Bombeiro
Militar Dom Pedro II (criada em 1955)[6], o que imputava ainda a
PMMA a aceitar o ingresso de oficiais provenientes do Centro de Preparação de
Oficiais da Reserva (CPOR) e dos Núcleos de Preparação dos Oficiais da Reserva
(NPOR)[7] do Exército Brasileiro, formados
com viés totalmente diferente da área de segurança pública.
Em
1965 foi criada a Academia de Polícia Militar da Trindade[8].
Com
a criação da Inspetoria Geral das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares (IGPM/ExB)[9], esta, passou a coordenar
e ofertar vagas nas APM’s e ABM’s e até 1992, quando a corporação policial
militar maranhense recebeu a última turma oriunda do ExB, a sua oficialidade era
formada nas diversas Academias existentes, bem como nas outras Academias que
foram criadas no país.
Academia
de Polícia Militar do Guatupê em 1971[10] (sendo que o CFO é
realizado pela corporação desde 1919), Academia de Polícia Militar da Bahia em
1972[11], Academia de Polícia
Militar de Paudalho em 1974[12], Academia de Polícia
Militar General Edgard Facó em 1977[13], Academia de Bombeiros
Militar do Distrito Federal em 1981[14], Academia de Polícia
Militar de Goiás em 1985[15] Academia de Polícia
Militar do Distrito Federal em 1988[16], Academia de Polícia Militar Neper da Silva
Alencar em 1989[17],
Academia de Polícia Militar Coronel Fontoura em 1990[18], Academia de Polícia
Militar do Cabo Branco em 1991[19] e Academia de Polícia
Militar Senador Arnon de Melo em 1992[20].
O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA),
ainda era integrado a força policial do Estado, portanto, o Estado dependia de
vagas ofertadas para a formação profissional dos seus oficiais, as quais eram
limitadas, acarretando um déficit de oficiais subalternos na oficialidade e que
gradativamente crescia, além de onerar consideravelmente o Estado que que arcava
com despesas na formação, fora do território maranhense.
b) Criação do Curso de Formação de Oficiais e
da Academia de Polícia Militar do Maranhão
Diante do quadro desafiador, mas
graças a vontade política do Comandante Geral da PMMA, Ten Cel ExB Francisco
Mariotti (comissionado ao posto de Cel PM) e do Governador do Estado do
Maranhão, jornalista Edison Lobão, foi designada uma comissão formuladora
do CFO, composta pelo professor Raimundo Nonato Negreiros Vale (UEMA) e pelos policiais
militares, Ten Cel Delary Pires Cantanhede (posteriormente designado como
primeiro comandante da então Academia de Polícia Militar), Major José Henrique
Vieira e Cap. Antônio José Araújo que ao final dos trabalhos, resultou na
proposta do CFO-PM/BM[21] calcada, desde o
princípio, nos ideais humanísticos e em cidadania. Após sua aprovação pelas
entidades conveniadas, referida proposta foi submetida a IGPM, que depois de
aprovada, resultou na celebração de um Convênio de Mútua Cooperação Técnico – Científica,
entre a UEMA, a PMMA e o CBMMA, sendo então criado o Curso de Formação de
Oficiais que passou a ser oferecido pelo Centro de Ciências Sociais Aplicadas
(CCSA/UEMA), com duração mínima de três e máxima de cinco anos e que passaria a
funcionar concomitantemente no Campus Universitário Paulo VI em São Luís, onde
a Universidade
passava a fomentar o conhecimento e na APM[22],
os saberes
que estimulariam o despertar de mentes crítico-reflexiva dos novos gestores da
segurança pública.[23]
Desta forma, a partir de 1993, o
ingresso no Oficialato da PMMA, passou a utilizar o processo seletivo vestibular,
com normas específicas estabelecidas em conjunto, através de edital, pela UEMA
e PMMA.
Ao final do ano de 1995, foi
formada a primeira turma do CFO, cujo resultado, foi
o seguinte:
N°
ORDEM
|
NOME
|
1
|
Francisco Wellington Silva Araújo
|
2
|
Bazílio Araújo Filho
|
3
|
Diógenes Cleon Barbosa Azevedo
|
4
|
Maurício Robson Carvalho Bezerra
|
5
|
Pedro Augusto Lima Brandão
|
6
|
Marigerson Oliveira Brito Júnior
|
7
|
Edeilson Carvalho
|
8
|
George Silva Cavalcante
|
9
|
Antônio Carlos Araújo Castro
|
10
|
Emerson Farias Costa
|
11
|
Amarildo Passos Farias
|
12
|
Ilmar Lima Gomes
|
13
|
Marcelo dos Santos Jinkings
|
14
|
Flávio Augusto Leite Bayma do Lago
|
15
|
Jorge Allen Guerra Luongo
|
16
|
José Roberto Moreira Filho
|
17
|
Edivaldo Vieira Oliveira
|
18
|
Raimundo Martins Oliveira
|
19
|
Dário Bertoldo Pinheiro
|
20
|
Nildson Lenine Rabelo Pontes
|
21
|
Orlandí Cantanhêde Protázio
|
22
|
Aritanã Lisboa do Rosário
|
23
|
Arlindo Dias dos Santos
|
24
|
Daniel Holanda dos Santos
|
25
|
Raimundo Nonato Santos Sá
|
26
|
Osmar Alves da Silva Filho
|
27
|
William Silva Tupinambá Sobrinho
|
28
|
Antônio Carlos Sodré
|
29
|
Carlos Roberto Spíndola Viana
|
Posteriormente, a 30
de janeiro de 1998, foi constituída uma comissão verificadora para análise das
condições de funcionamento do CFO, tendo esta, encaminhado no dia 30 de março
de 1998, o relatório conclusivo, o qual subsidiou o Parecer n° 209/98-CEE, da
Câmara de Ensino Superior, Legislação e Normas, resultando na Resolução N°
161/98, do Conselho Estadual de Educação do Maranhão, de 23 de abril de 1998,
autorizando o funcionamento do referido curso superior, validando e
regularizando ainda os estudos realizados em períodos anteriores à vigência
desses documentos legais, em nível de graduação universitária.
Em marcha ascendente o CFO foi
reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), através da Resolução
nº 195/2000-CEE, de 25 de maio de 2000, tendo sido o primeiro Curso de Formação
de Oficiais do Brasil a ser totalmente realizado por uma Universidade Pública, onde
ao integrarem o rol de disciplinas, os seus concludentes, são titulados como
bacharéis em segurança pública e na PMMA, declarados Aspirantes-a-Oficial PM,
recebendo a diplomação pela Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias do Curso
de Formação de Oficiais.
Em 2006, revalidado o CFO e aprovado o seu
Projeto Político Pedagógico (PPP), através da Resolução nº. 760/2006-CEPE/UEMA,
o curso passou a ter duração de quatro anos, com carga horária de 5.190 horas
aulas e disciplinas do Núcleo Específico, Complementares e o Estágio Prático Supervisionado (realizado nas
Unidades Policiais Militares (UPM) da corporação), ministradas na APMGD no
período matutino e disciplinas do Núcleo Comum, ministradas na UEMA no período
vespertino.
A Academia de
Policia Militar foi elevada à categoria de Unidade de Ensino Superior da
Corporação[24], recebendo naquela
oportunidade o nome de seu patrono Gonçalves
Dias, maior poeta maranhense.
c) 25 anos de história
Ao longo de seus 25
anos, o CFO já possui os seguintes formandos que alcançaram o último posto na
PMMA:
Cel
|
Edeilson Carvalho
|
Cel
|
Jorge Allen Guerra Luongo
|
Cel
|
Aritanã Lisboa do Rosário
|
Cel
|
Raimundo Nonato Santos Sá
|
Cel
|
Antônio Carlos Sodré
|
Cel
|
Silvio Carlos Leite Mesquita
|
Cel
|
Humberto Aldrin
Sampaio Soares
|
Teve como Coordenadores
na UEMA, os seguintes professores:
Prof.
|
Raimundo Nonato Negreiros Vale (Médico Veterinário)
|
Prof. Dr.
|
José Arnodson Coelho de Sousa Campelo (Méd. Vet. e TC PMMA)
|
Prof.
|
Gilson Martins de Mendonça (Engenheiro Agrônomo)
|
Prof. Msc
|
José Henrique Pereira Macedo (Engenheiro Civil)
|
Prof. Adj.
|
Francisco Marialva Mont’ Alverne Frota (Advogado)
|
Prof. Msc
|
Mivaldo Alvares Oliveira (Economista e Contabilista)
|
Profa. Dra.
|
Vera Lúcia Bezerra Santos (Filósofa e Cientista Social).
|
E como comandantes da APMGD, os seguintes oficiais:
Ten
Cel QOPM
|
Delary
Pires Cantanhêde
|
10/01/1994 a 17/01/1995
|
Ten
Cel QOPM
|
Benedito
Batista
|
até 09/07/1996
|
Ten
Cel QOPM
|
Nestor Renaldo Conceição Filho
|
até 26/06/1998
|
Ten
Cel QOPM
|
Wilmar Maciel Mendes
|
até 24/01/2000
|
Ten
Cel QOPM
|
José
Fernando Torres
|
até 26/08/2003
|
Ten
Cel QOPM
|
Franklin Pachêco Silva
|
até 21/02/2005
|
Ten
Cel QOPM
|
José
Ribamar Pereira da Silva Filho
|
até 01/12/2008
|
Ten
Cel QOPM
|
Carlos
Augusto Furtado Moreira
|
até 27/04/2009
|
Ten
Cel QOPM
|
Raimundo
de Jesus Silva
|
até 29/11/2013
|
Cel
QOPM
|
Carlos
Augusto Furtado Moreira
|
até
11/11/2015
|
Cel
QOPM
|
Raimundo
Nonato Santos Sá
|
Atualmente
|
Conclusão
São duas décadas e meia de esforços direcionados
em busca da excelência na formação da oficialidade maranhense, com a utilização
de uma mão de obra qualificada tanto da UEMA como da PMMA.
A unidade realística regional foi outro ganho,
pois, com as doutrinas e realidades de outras corporações, acabaram ao longo do
tempo, implicando em constantes mudanças administrativas e operacionais.
Ademais, todos os formandos do CFO, adquiriram
na Universidade o curso superior (graduação).
Portanto, são vitórias alcançadas por todos:
formandos, UEMA, APMGD (PMMA) e a sociedade maranhense.
São Luís – MA, 22 de março de 2018
|
Esp. Gestão Estratégica em Defesa Social, Esp. Cidadania, Direitos Humanos e Gestão da Segurança Pública, Pós-graduado em Superior de Oficiais, Pós-graduado em Aperfeiçoamento de Oficiais, Licenciado em História, Bacharel em Direito e Bacharel em Formação de Oficiais
ACADEMIA
DE BOMBEIRO MILITAR DOM PEDRO II. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Bombeiro_Militar_Dom_Pedro_II>. Acesso em: 22 mar. 2018.
ACADEMIA
DE POLÍCIA MILITAR CORONEL FONTOURA. Disponível em: <http://www.segup.pa.gov.br/node/5705>. Acesso em: 22 mar. 2018.
ACADEMIA
DE POLÍCIA MILITAR DE BRASÍLIA. Disponível em http://www.pm.df.gov.br/site/index.php/noticias/destaques/20073-30-anos-de-criacao-da-academia-de-policia-militar-de-brasilia-apmb>. Acesso em: 22 mar. 2018.
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1967. Cria a Inspetoria Geral das
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MARANHÃO. Lei n. 5.657, de 26 de abr. de 1993. Criação de órgãos no âmbito da Polícia
Militar do Maranhão, São Luís, MA, abr 1993.
MARANHÃO.
Lei n. 5.855, de 06 de dez. de 1993. Organização
Básica do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão, São Luís, MA,dez 1993.
MARANHÃO.
Lei nº 9.658, de 17 de jul. de 2012. Criação
de unidades na estrutura da Diretoria de Ensino da Polícia Militar, São
Luís, MA, jul 2012.
MOREIRA.
Carlos Augusto Furtado. O FUTURO OFICIAL
PMMA. Disponível em: <http://celqopmfurtado.blogspot.com.br/2011/06/o-futuro-oficial-pmma.html>. Acesso em: 22 mar. 2018.
MOREIRA, Carlos Augusto
Furtado, A
Educação em Direitos Humanos na formação de policiais: um
estudo de caso na Academia de Polícia Militar do Maranhão. 2015. 23f. Artigo
Científico do Curso de Especialização em Cidadania, Direitos Humanos e Gestão
da Segurança Pública – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2015.
SANTOS,
Vera Lúcia Bezerra. FORMAÇÃO DE OFICIAIS
DA PMMA: uma visão paraláctica acerca da segurança pública. Disponível
em: <http://docplayer.com.br/48981697-Fundacao-getulio-vargas-centro-de-formacao-academica-e-de-pesquisa-escola-brasileira-de-administracao-publica-e-de-empresas-doutorado-em-administracao.html>. Acesso em: 22 mar. 2018.
[2] Polícia Militar de São
Paulo (PMESP)
[3] Brigada Militar do Rio
Grande do Sul (BMRS)
[4] Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro (PMERJ)
[5] Polícia Militar de
Minas Gerais (PMMG)
[7]
São estabelecimentos de ensino militar de formação de grau
médio, da linha de ensino bélico, destinados a formar o Aspirante-a-Oficial da
Reserva de 2ª classe, habilitando-o a ingressar no Corpo de Oficiais da Reserva
do Exército (CORE) e a contribuir para o desenvolvimento da doutrina militar na
área de sua competência.
[8] Polícia Militar de
Santa Catarina (PMSC)
[9] criada pelo Decreto-Lei nº 317, de 13 março de 1967,
subordinada ao Departamento-Geral do Pessoal, em nível de Diretoria, quando foi
criado o cargo de Inspetor-Geral das Polícias Militares, a ser exercido por um
General de Brigada.
[10] Polícia Militar do
Paraná (PMPR)
[11] Polícia Militar da
Bahia (PMBA)
[12] Polícia Militar de
Pernambuco (PMPE)
[21] O
CBMMA já havia se emancipado da PMMA, mas, ainda se encontrava em fase de
organização, o que vai se solidificar através da Lei de Organização Básica
5.855 de 06/12/1993.
[22] Lei
n. 5.657 de 26/04/1993, cria a Academia de Polícia Militar do Maranhão com a
finalidade de preparar e instruir os integrantes da Polícia Militar para a
manutenção da ordem e da segurança pública.
[23] Tese de doutorado da professora
Vera Lúcia Bezerra Santos, intitulada: FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA PMMA: uma visão
paraláctica acerca da segurança pública.
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