Neste
19 de abril de 2018, atendendo a um convite do ilustre Comandante do 24
Batalhão de Infantaria e Selva (24 BIS) “Batalhão Barão de Caxias”, TC Inf.
Marcos Vinícius Soares Guimarães de Oliveira, sediado em São Luís - MA, tive a honra
em participar da Solenidade alusiva ao Dia do Exército.
Como
licenciado universitário e amante da história, nutro profunda admiração pelo
Exército Brasileiro e ouvindo a “Ordem do Dia” do seu Comandante, Gen. de
Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, proferida
pelo Comandante do 24 BIS, a medida em que eram ressaltadas as raízes
históricas, o meu imaginário foi povoado com tantos feitos, onde pontuam-se as
vitórias e a excelência dos serviços prestados a nação brasileira, ao longo
desses mais de 370 anos.
O
Exército Brasileiro encontra registros históricos que demonstram a sua gênese nas
batalhas ocorridas nos Montes Guararapes (Pernambuco) em 19 de abril de 1648 e 19
de fevereiro de 1649, onde lutaram, lado a lado, negros (liderados por Henrique
Dias), índios (liderados por Filipe Camarão), luso-brasileiros e portugueses
(liderados por Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira), contra holandeses
que de forma única e pioneira sedimentaram em torno dos ideais, a chamada Guerra da Liberdade
Divina, que culminou na Restauração Pernambucana, desencadeada
desde 1645.
Seguem-se inúmeros outros feitos, mais destaco
como mais significativos, a efetiva participação na Independência do Brasil
(separação de Portugal), Guerra Cisplatina (independência do Uruguai e que 20
anos depois o Brasil foi impelido a enviar tropas à região, ante a à política
expansionista de Juan Manuel de Rosas e Manuel Oribe, ditadores argentino
e uruguaio, respectivamente), a participação na Guerra do Paraguai (com a
instituição se consolidando e sendo reorganizada sob o comando de Luís Alves de
Lima e Silva, o Duque de Caxias, considerado posteriormente como seu patrono).
Politicamente atuou na Proclamação da República, onde dois de seus Marechais de
Campo, presidiram o novo país. Manuel Deodoro da Fonseca que havia se distinguido por extraordinária bravura na Guerra do
Paraguai, a 15 de novembro de 1889, liderando o movimento que depôs o último
gabinete da monarquia presidido pelo Visconde de Ouro Preto, proclamando a
República. Organizou o governo provisório;
estabeleceu a separação da Igreja do Estado;
instituiu o casamento civil; promulgou o novo Código Penal; aprovou a nova
bandeira do país e convocou a Assembleia Constituinte que aprovou a
primeira Constituição Republicana em 24 de fevereiro de 1891. Entretanto, posteriormente,
em conflito com o Poder Legislativo, dissolveu o Congresso Nacional, provocando
reação por parte da Marinha, comandada pelo Almirante Custódio de Melo, ao que
preferiu renunciar, a enfrentar uma guerra civil, passando o poder ao
vice-presidente que com ele fora eleito pela Constituinte, Marechal de Campo Floriano
Peixoto.
O segundo presidente Floriano
Vieira Peixoto (1891-1894) ajudou a estabilizar a nova nação que se encontrava
em estado caótico, convocou o Congresso fechado pelo seu antecessor e resistiu a dois
movimentos revolucionários (Federalista, no Rio Grande do Sul, e o da Armada,
no Rio de Janeiro), despertando forte movimento nacionalista, sendo
cognominado, por isso, Marechal de Ferro e Consolidador da República.
A partir daí o Exército Brasileiro, também desempenhou papel importante na Revolução de 1930 (movimento armado, liderado pelos Estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com Golpe de Estado que depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de outubro de 1930 e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes). Decisivamente, organizou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) - força militar aero terrestre, constituída por 25.834 homens e mulheres, em 9 de agosto de 1943 e enviada à Itália em 1944, sob o comando do General-de-Divisão João Batista Mascarenhas de Morais, para lutar ao lado dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial, na Campanha da Itália.
Em razão da tentativa da implantação do comunismo no Brasil, o
Exército Brasileiro, liderou a Revolução de 1964 que segundo a historiografia
brasileira recente, foi apoiada por parte de segmentos importantes da
sociedade: grandes proprietários rurais; a burguesia industrial paulista; uma
grande parte das classes médias urbanas (que na época, girava em torno de 35%
da população total do país) e o setor conservador e anticomunista da Igreja
Católica (na época, majoritário dentro da Igreja) que promoveu a “Marcha da
Família com Deus pela Liberdade”, realizada poucos dias antes do Golpe de
Estado, em 19 de março de 1964.
Após entregar o governo em 1985, O Exército Brasileiro, voltou a
atuar efetivamente na defesa do território brasileiro, mantendo a soberania,
garantindo a lei e a ordem, contribuindo na construção da infraestrutura, ajudando
a população brasileira em calamidades públicas, ajudando a preservar o meio
ambiente e levando saúde às populações indígenas e as residentes em áreas de difícil
acesso.
Participou de forma efetiva em Missões de Paz no planeta, contribuindo
com o esforço de organismos internacionais de paz, quer pelo envio de
observadores militares desarmados, quer pela inserção de tropas levemente
armadas nas áreas conflagradas. Os objetivos têm sido o de monitorar o
cessar-fogo entre as partes envolvidas e desenvolver as melhores condições para
o pleno restabelecimento da paz regional. Entre os anos de 1980 e a
década inicial do século XXI, comandou a missão no Haiti, que passou por um
colapso institucional, reorganizando-o.
Assim
é inequívoco que o brasileiro que nutre sentimento nacionalista e de
patriotismo, confia nas suas Forças Armadas (e em particular no Exército
Brasileiro), pois, as diversas pesquisas a disposição na rede mundial de
computadores, mostram a ocupação em posições destacadas em relação às demais instituições
nacionais. Até mesmo quando a confiança da população nas instituições caíram, as
Forças Armadas continuaram no topo da lista com o maior grau de credibilidade, como pode ser
vislumbrado no Relatório ICJBrasil - 1º semestre/2017 (http://direitosp.fgv.br/sites/direitosp.fgv.br/files/arquivos/relatorio_icj_1sem2017.pdf),
divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (https://portal.fgv.br/noticias/icjbrasil-2017-confianca-populacao-instituicoes-cai).
Esse
sentimento é aquele registrado no “Compromisso
Imortal”, quando 18 líderes da Insurreição Pernambucana declararam “Nós
abaixo assinados nos conjuramos e prometemos em serviço da liberdade, não
faltar a todo o tempo que for necessário, com toda ajuda de fazendas e de
pessoas, contra qualquer inimigo, em restauração da nossa pátria; para o
que nos obrigamos a manter todo o segredo que nisto convém (...)”, pois, conforme o 2º Ten R/2 Art. Sérgio
Pinto Monteiro, em seu artigo “Ao Exército, com orgulho” hospedado no (http://eblog.eb.mil.br/index.php/ao-exercito-com-orgulho.html) já pulsava o sentimento da existência nacional
brasileira, mesmo com o Brasil, ainda colônia de Portugal.
Mantenho
profundos laços de amizade e consideração com o Exército Brasileiro, me
orgulhando de ter recebido o reconhecimento de alguns de seus Oficiais, Comandantes
de Organizações Militares,
bem como, a oportunidade de ombrear com outros, em diversas missões, desde a participação na Missão de Paz da Organização das Nações Unidas na Guatemala (MINUGUA) entre 1985-1986 com os companheiros, à época, Capitão Art. Carlos Alberto Mansur e Capitão Eng. Selmo Umberto Pereira, ambos, hoje no generalato da força, brilhando em suas funções, aos colegas de estudos na Escola Superior de Guerra, em 2008.
Ainda em consonância ao posicionamento do Ten Sérgio, o espírito do Pacificador, gera não só tolerância, paciência, grandeza, compreensão e capacidade de perdoar, mas também, firmeza, decisão, energia, coragem, retidão de propósitos, nobreza de ideais, culto à verdade e um inquestionável amor ao Brasil.
Carlos Augusto Furtado Moreira *
Referências:
BENTO, Cláudio Moreira. As Batalhas dos Guararapes: descrição e análise militar. 2ª edição. Porto Alegre: Gêneses – Academia de História Militar Terrestre do Brasil, 2004. Disponível em: http://www.ahimtb.org.br/As%20Batalhas%20dos%20Guararapes.pdf; Acesso em: 06 dez. 2017.
FORCA EXPEDICIONARIA BRASILEIRA (FEB). Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/forca-expedicionaria-brasileira-feb; Acesso em 19 abr. 2018
MELLO, Evaldo Cabral de. Imagens do Brasil holandês (1630-1654). ARS – São Paulo, v. 7, n. 13, p. 160-171, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ars/v7n13/arsv7n13a11.pdf; Acesso em: 06 dez. 2017.
Revolução de 1920 – resumo, causas, o que foi. Disponível em: https://www.historiadobrasil.net/brasil_republicano/revolucao_1930.htm; Acesso em 19 abr. 2018
VILAÇA, Marcos Vinicius. Duas vezes Guararapes (1648-1649). Revista Da Cultura – Fundação Cultural Exército Brasileiro. Disponível em: http://www.funceb.org.br/images/revista/13_3c1f.pdf; Acesso em: 06 dez. 2017.
* Coronel da RR da PMMA -
Mestrando em Negócios Internacionais - Especialista em Cidadania, Direitos
Humanos e Gestão da Segurança Pública - Especialista em Gestão Estratégica em
Defesa Social - Pós-graduado em Superior de Polícia - Pós-graduado em
Aperfeiçoamento de Oficiais - Bacharel em Direito - Licenciado em História - Bacharel
em Formação de Oficiais.
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