Nem
sempre há os devidos resgates desses momentos preciosos e que por vicissitudes
variadas, acabam caindo no esquecimento. Nesse contexto, pessoas, seus feitos e
suas habilidades, em situações pessoais e institucionais marcam relações de
vida e de trabalho, e, por falta de oportunidades são fadadas ao esquecimento.
Assim,
um olhar para o passado, permite-nos entender o que somos e a marca que
deixaremos para as gerações futuras, num processo de imortalidade pessoal e de
produtividade.
Na
minha infância comecei a dar os primeiros passos na vida literária, escrevendo
acrósticos e poemas com os quais, encantava as donzelas com as quais pretendia
enamorar.
Mas,
foi no prelúdio do ano de 1981, após ser aprovado no concurso ao Curso de
Formação de Sargentos da Polícia Militar do Maranhão e já no período formativo,
aproveitando o lançamento de um concurso interno no Centro de Formação e
Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), compus a sua Canção que é entoada em
solenidades e nos períodos em que são realizados os cursos de formação e
aperfeiçoamento, saindo vitorioso entre dois outros postulantes e após quase 37
anos, a sua difusão continua brilhando em todos os rincões maranhenses, pois
não é raro ouvir um policial militar que frequentou o “CFAP QUERIDO”,
entoando-a.
Em
1985, após ser aprovado no concurso para o Curso de Formação de Oficiais e
incumbido em bem representar a Polícia Militar do Maranhão no Estado de Minas
Gerais, para aquele rincão fui deslocado, onde à época despontava como uma das
mais conceituadas escolas de formação de oficiais do país.
A
medida que a minha ambientação em plagas mineiras, foi se evidenciando,
tornou-se possível a percepção do desenvolvimento doutrinário existente naquela
Corporação, fruto principalmente dos estudos relacionados aos problemas na área
da segurança pública e a sua constante busca das soluções.
A
produção de obras técnicas e de outros ramos literários desenvolvidos por
policiais militares daquela organização policial militar, especializados em
assuntos diversos, era a tônica e os estimulavam em busca dos destaques, vez
que, após terem suas obras reconhecidas e consideradas de cunho
técnico-profissional ou literário, passavam a usufruir da divulgação
institucional que ultrapassava os muros dos quartéis mineiros, para ganharem o
Brasil e o mundo, além das alavancadas possibilidades em suas promoções, pois,
a pontuação recebida, aumentava significamente as chances de promoção pelo
critério de merecimento.
Neste
viés, uma inquietude começou a povoar o meu imaginário: quando a Polícia
Militar do Maranhão poderia alcançar tal nível de profissionalismo?
Naquele
“Templo de Saber e de Cultura” – Academia de Polícia Militar de Minas Gerais
(APMMG), ousei, dar os meus segundos passos, desta vez, no campo das letras, ao
editar e chefiar a confecção da Revista comemorativa dos Aspirantes 1987 da Academia
de Polícia Militar de Minas Gerais, um grande feito para um “estrangeiro”, como
denominavam aos oriundos de outras unidades federativas, à época; pois, o
desenvolvimento de atividades estranhas ao processo específico ensino x
aprendizagem para garantir a difícil aprovação, não era muito simpática aos
responsáveis pela administração militar. Sem deixar que os óbices me impedissem
à vontade, palmilhei e venci todas as adversidades, tornando-a realidade dias
antes da tão esperada Declaração de Aspirantes.
Ao retornar à São Luís - Ilha do Amor e em
plena atividade administrativa-operacional já como Aspirante-À-Oficial PM,
percebi que eram raros os policiais e bombeiros militares que se dedicavam a
esse tipo de empreitada – letras – e assim foi ao longo dessas mais de três
décadas.
Destarte,
a ausência de expoentes, sempre foi um óbice, para a criação de uma associação
de cunho literário, oriunda essencialmente das hostes milicianas maranhenses, o
que fez com que o sonho ao longo dos tempos, adormecesse em berço esplêndido.
Com
o passar dos anos, as ideias foram fluindo, iluminando-se e já na reserva
remunerada, alvoreceu a criação de uma entidade que pudesse florescer além do
campo fértil das letras, também o das artes, aglutinando-se assim os valores
individuais existentes, seja nas letras profissionais, seja nas artes (música,
pintura, etc.).
E
foi nesse contexto que veio o convite a companheiros para que na futura
condição de Acadêmico Efetivo e Perpétuo, pudessem, juntos, criar a ACADEMIA
MARANHENSE DE LETRAS E ARTES MILITARES – AMLAM, cuja entidade englobaria todos
os hábeis militares estaduais nas áreas das letras e das artes.
Incialmente
foi formado um grupo de watsaap com a participação dos convidados.
Assim,
recordei-me dos escritos e obras importantes de Manoel de Jesus Moreira Bastos,
Teodomiro de Jesus Diniz Moraes, William Romão que direcionaram e continuam a
apontar para as melhorias institucionais.
As
experiência e valores positivos, repassados as posteriores gerações por João
Cipriano Soares do Nascimento, o primeiro oficial formado em uma Academia de
Polícia Militar.
Na
posição equilibrada de Jorge Allen Guerra Luongo que ao longo de sua jovial
carreira, chegou ao apogeu da instituição policial militar maranhense.
Nos
escritos de Raimundo de Jesus Silva, Francisco Sousa, Raimundo Gomes Meireles,
Alistelman Mendes Dias, e nas obra de Sebastião Bispo Lopes, o resgate
histórico da PMMA e do município maranhense de Bequimão.
Na
composição de Nestor Renaldo Conceição Filho, o fortalecimento dos umbrais do
saber de nossa Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias.
Na
cientificidade técnica produtiva de Silvio Carlos Leite Mesquita, Antônio
Roberto dos Santos Júnior, Carlos Frank Pinheiro Oliveira, Aparecida Fernanda
A. Pinto Veloso, Everaldo Ferreira Santana, mestres universitários, tão
necessários, aos avanços futuros da corporação.
No
dicionário cataglótico de Wilmar Maciel Mendes, o engrandecimento da cultura
escrita e pouco usual.
Nas
pinturas técnicas e artísticas de José Ribamar Araújo Vilas Boas, Manoel
Lobato, Carlos Henrique Soares da Silva, Afonso Celso Nascimento e Gilmar Vale
Frazão, o embelezamento das fachadas de nossos quartéis e parte dos nossos
uniformes.
Da
organização legislacional de James Ribeiro Silva, a orientação à vida
jurídico-administrativa da instituição policial militar.
Na
suavidade musical de Manoel Pereira de Sousa (Neo), Elmo Costa Mendonça e Josué
Pereira Soeiro, que tornam pomposas as nossas solenidades e momentos de lazer.
Assim
estaria iluminado o campo fértil das ciências, das letras e das artes para
trazer ao nosso convívio acadêmico e imortal, companheiros de caserna que ao
longo dos anos nos emprestam seus saberes, conhecimentos e habilidades.
A
recordação dos amigos institucionais que ao longo dos anos nos brindaram com as
suas amizades e eternizaram os laços fraternos de carinho e respeito mútuos,
através da docência, em salas de aulas, em importantes palestras e em
orientações técnicas, como os desembargadores José Alberto Tavares Vieira da
Silva e Vicente de Paula Gomes de Castro, os professores Raimundo Teixeira de
Araújo, Marialva Mont’Alverne Frota, Vera Lúcia Bezerra Santos, José
Olímpio da Silva Castro e Laércio
Marques do Nascimento Filho, os delegados de polícia civil Jefferson Miller
Portela e Silva, Sebastião Uchôa e Márcio Henrique Araújo, bem como o poeta
Pedro Ivo de Carvalho Viana.
A
deferência a estes senhores e senhora é dimensionalmente inexplicável e as suas
aceitações aos meus convites me deixariam extremamente honrado para que juntos
pudéssemos dar esse gigantesco passo cultural; afinal, São Luís é a eterna
“Athenas Brasileira”, patrimônio cultural da humanidade e o Maranhão, berço
natal de grandes nomes da literatura e da arte brasileira.
São Luís - MA, 17 de maio de 2018
Carlos Augusto Furtado Moreira
Protagonizador da AMCLAM
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