terça-feira, 26 de junho de 2018

O Sonho de uma Academia Maranhense Cultural Militar

                 Durante a nossa existência, vivenciamos e/ou chegam ao nosso conhecimento fatos e cenas importantes que marcam momentos e às vezes épocas; mas que ficam para trás e às vezes se perdem no tempo.

Nem sempre há os devidos resgates desses momentos preciosos e que por vicissitudes variadas, acabam caindo no esquecimento. Nesse contexto, pessoas, seus feitos e suas habilidades, em situações pessoais e institucionais marcam relações de vida e de trabalho, e, por falta de oportunidades são fadadas ao esquecimento.

Assim, um olhar para o passado, permite-nos entender o que somos e a marca que deixaremos para as gerações futuras, num processo de imortalidade pessoal e de produtividade.

Na minha infância comecei a dar os primeiros passos na vida literária, escrevendo acrósticos e poemas com os quais, encantava as donzelas com as quais pretendia enamorar.

Mas, foi no prelúdio do ano de 1981, após ser aprovado no concurso ao Curso de Formação de Sargentos da Polícia Militar do Maranhão e já no período formativo, aproveitando o lançamento de um concurso interno no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), compus a sua Canção que é entoada em solenidades e nos períodos em que são realizados os cursos de formação e aperfeiçoamento, saindo vitorioso entre dois outros postulantes e após quase 37 anos, a sua difusão continua brilhando em todos os rincões maranhenses, pois não é raro ouvir um policial militar que frequentou o “CFAP QUERIDO”, entoando-a.

Em 1985, após ser aprovado no concurso para o Curso de Formação de Oficiais e incumbido em bem representar a Polícia Militar do Maranhão no Estado de Minas Gerais, para aquele rincão fui deslocado, onde à época despontava como uma das mais conceituadas escolas de formação de oficiais do país.

A medida que a minha ambientação em plagas mineiras, foi se evidenciando, tornou-se possível a percepção do desenvolvimento doutrinário existente naquela Corporação, fruto principalmente dos estudos relacionados aos problemas na área da segurança pública e a sua constante busca das soluções.

A produção de obras técnicas e de outros ramos literários desenvolvidos por policiais militares daquela organização policial militar, especializados em assuntos diversos, era a tônica e os estimulavam em busca dos destaques, vez que, após terem suas obras reconhecidas e consideradas de cunho técnico-profissional ou literário, passavam a usufruir da divulgação institucional que ultrapassava os muros dos quartéis mineiros, para ganharem o Brasil e o mundo, além das alavancadas possibilidades em suas promoções, pois, a pontuação recebida, aumentava significamente as chances de promoção pelo critério de merecimento.

Neste viés, uma inquietude começou a povoar o meu imaginário: quando a Polícia Militar do Maranhão poderia alcançar tal nível de profissionalismo?

Naquele “Templo de Saber e de Cultura” – Academia de Polícia Militar de Minas Gerais (APMMG), ousei, dar os meus segundos passos, desta vez, no campo das letras, ao editar e chefiar a confecção da Revista comemorativa dos Aspirantes 1987 da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, um grande feito para um “estrangeiro”, como denominavam aos oriundos de outras unidades federativas, à época; pois, o desenvolvimento de atividades estranhas ao processo específico ensino x aprendizagem para garantir a difícil aprovação, não era muito simpática aos responsáveis pela administração militar. Sem deixar que os óbices me impedissem à vontade, palmilhei e venci todas as adversidades, tornando-a realidade dias antes da tão esperada Declaração de Aspirantes.

 Ao retornar à São Luís - Ilha do Amor e em plena atividade administrativa-operacional já como Aspirante-À-Oficial PM, percebi que eram raros os policiais e bombeiros militares que se dedicavam a esse tipo de empreitada – letras – e assim foi ao longo dessas mais de três décadas.

Destarte, a ausência de expoentes, sempre foi um óbice, para a criação de uma associação de cunho literário, oriunda essencialmente das hostes milicianas maranhenses, o que fez com que o sonho ao longo dos tempos, adormecesse em berço esplêndido.

Com o passar dos anos, as ideias foram fluindo, iluminando-se e já na reserva remunerada, alvoreceu a criação de uma entidade que pudesse florescer além do campo fértil das letras, também o das artes, aglutinando-se assim os valores individuais existentes, seja nas letras profissionais, seja nas artes (música, pintura, etc.).

E foi nesse contexto que veio o convite a companheiros para que na futura condição de Acadêmico Efetivo e Perpétuo, pudessem, juntos, criar a ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS E ARTES MILITARES – AMLAM, cuja entidade englobaria todos os hábeis militares estaduais nas áreas das letras e das artes.

Incialmente foi formado um grupo de watsaap com a participação dos convidados.

Assim, recordei-me dos escritos e obras importantes de Manoel de Jesus Moreira Bastos, Teodomiro de Jesus Diniz Moraes, William Romão que direcionaram e continuam a apontar para as melhorias institucionais.

As experiência e valores positivos, repassados as posteriores gerações por João Cipriano Soares do Nascimento, o primeiro oficial formado em uma Academia de Polícia Militar.

Na posição equilibrada de Jorge Allen Guerra Luongo que ao longo de sua jovial carreira, chegou ao apogeu da instituição policial militar maranhense.

Nos escritos de Raimundo de Jesus Silva, Francisco Sousa, Raimundo Gomes Meireles, Alistelman Mendes Dias, e nas obra de Sebastião Bispo Lopes, o resgate histórico da PMMA e do município maranhense de Bequimão.

Na composição de Nestor Renaldo Conceição Filho, o fortalecimento dos umbrais do saber de nossa Academia de Polícia Militar Gonçalves Dias.

Na cientificidade técnica produtiva de Silvio Carlos Leite Mesquita, Antônio Roberto dos Santos Júnior, Carlos Frank Pinheiro Oliveira, Aparecida Fernanda A. Pinto Veloso, Everaldo Ferreira Santana, mestres universitários, tão necessários, aos avanços futuros da corporação.

No dicionário cataglótico de Wilmar Maciel Mendes, o engrandecimento da cultura escrita e pouco usual.

Nas pinturas técnicas e artísticas de José Ribamar Araújo Vilas Boas, Manoel Lobato, Carlos Henrique Soares da Silva, Afonso Celso Nascimento e Gilmar Vale Frazão, o embelezamento das fachadas de nossos quartéis e parte dos nossos uniformes.

Da organização legislacional de James Ribeiro Silva, a orientação à vida jurídico-administrativa da instituição policial militar.

Na suavidade musical de Manoel Pereira de Sousa (Neo), Elmo Costa Mendonça e Josué Pereira Soeiro, que tornam pomposas as nossas solenidades e momentos de lazer.

Assim estaria iluminado o campo fértil das ciências, das letras e das artes para trazer ao nosso convívio acadêmico e imortal, companheiros de caserna que ao longo dos anos nos emprestam seus saberes, conhecimentos e habilidades.



                                                             






                                         
                

A recordação dos amigos institucionais que ao longo dos anos nos brindaram com as suas amizades e eternizaram os laços fraternos de carinho e respeito mútuos, através da docência, em salas de aulas, em importantes palestras e em orientações técnicas, como os desembargadores José Alberto Tavares Vieira da Silva e Vicente de Paula Gomes de Castro, os professores Raimundo Teixeira de Araújo, Marialva Mont’Alverne Frota, Vera Lúcia Bezerra Santos, José Olímpio  da Silva Castro e Laércio Marques do Nascimento Filho, os delegados de polícia civil Jefferson Miller Portela e Silva, Sebastião Uchôa e Márcio Henrique Araújo, bem como o poeta Pedro Ivo de Carvalho Viana.

A deferência a estes senhores e senhora é dimensionalmente inexplicável e as suas aceitações aos meus convites me deixariam extremamente honrado para que juntos pudéssemos dar esse gigantesco passo cultural; afinal, São Luís é a eterna “Athenas Brasileira”, patrimônio cultural da humanidade e o Maranhão, berço natal de grandes nomes da literatura e da arte brasileira.
                               São Luís - MA, 17 de maio de 2018
                                    
                                                    Carlos Augusto Furtado Moreira
                                                       Protagonizador da AMCLAM

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