No último domingo, dia 11/06/2017, a sociedade
maranhense consternou-se com o fatídico homicídio de Clodiane (esposa) seguido
do suicídio do Ten Cel Miguel Gomes Neto do Quadro de Oficiais da Polícia
Militar do Maranhão.
De pronto, blogues e a imprensa noticiaram e
passaram a especular o que ocorrera em uma das residências do casal no Portal
dos Lençóis Maranhenses, na cidade de Barreirinhas e por conseguinte, pessoas
passaram a fazer suposições e comentários, como é comum à sensacionalistas
“irresponsáveis” e desprovidos de bom senso, referenciando-se ou aludindo à
situações negativas em que o Oficial se envolveu.
Embora não tenha nenhuma habilitação na área da
saúde, mas, como um policial militar que atuou efetivamente em conflitos
sociais por aproximadas três décadas e meia, e avaliando as características da
tragédia, arrisco-me a aduzir que o companheiro Miguel Neto “in memorian” enfrentava transtornos de
ordem mental.
Neste contexto, saliento que os profissionais
de segurança pública, por conta de suas atividades e seus misteres, enfrentam
no dia-a-dia, situações totalmente adversas, tornando-se verdadeiros
parachoques sociais, em uma sociedade doente que por sua vez, trava lutas
cotidianas contra os seus problemas culturais, econômicos e estruturais.
Com as deficiências organizacionais, oriundas
de um sistema ineficaz e ineficiente, em que não recebem aquilo que necessitam
para bem desempenhar suas missões; como membros “dessa sociedade” travam difíceis
lutas procurando resolverem suas questões pessoais, antes de cumprir com os seus
papéis. Talvez ai resida as dificuldades que alguns companheiros enfrentam em
não conseguirem solucioná-los, propiciando à sociedade de que são oriundos,
massacrá-los impiedosamente em suas falhas, esquecendo-se de que estes policiais
militares também são seres humanos como quaisquer outros.
Miguel Neto era um cidadão que enfrentava
problemas, mas, era uma pessoa reservada, ética, trabalhadora e estudiosa.
Como profissional, exerceu as funções de Major
Chefe da Seção Administrativa do 9º Batalhão de Polícia Militar (2005) e foi o
responsável por inúmeras melhorias introduzidas na Unidade Policial Militar
(UPM) que contribuíram decisivamente para o sucesso do meu comando.
Possuidor de uma personalidade forte, porém
sincera, nossa relação, como a da grande maioria dos Oficiais que trabalhou
comigo, ultrapassou as barreiras profissionais, alcançando o campo da amizade.
Nosso último contato pessoal ocorreu nas
proximidades do final do mês de maio quando em uma passagem no Quartel do
Comando Geral, fui até seu gabinete (Chefia do Estado Maior do Comando do
Policiamento do Interior) cumprimenta-lo e ali passamos alguns minutos em um
bate-papo tranquilo, onde me confidenciara que estava cursando direito
bacharelado, quando reafirmamos nosso bom relacionamento.
De quando em vez trocávamos mensagens via
WatSaap e foi através das redes sociais que soube que enfrentava problemas em
seu relacionamento conjugal; não direcionei questionamentos à esse respeito,
mas, busquei criar oportunidades para um diálogo em que pudesse de alguma forma
ajudar, visto que a minha esposa também mantinha um bom relacionamento com a
Clodiane “in memorian” pré-acordando
um encontro futuro de lazer a ser efetivado.
Infelizmente não se evidenciou e nós ficamos
aqui saudosos de suas companhias.
Amigo, a mente humana é uma caixa de surpresas
e somente os profissionais que trabalham com saúde mental podem tentar nos
explicar porque uma pessoa bem sucedida como “você”, que tinha uma vida pela
frente, fraquejou.
Ainda estamos feridos e entristecidos, mas,
orando e rogando ao Grande Arquiteto do Universo (GADU) que onde estiveres
encontres a paz.
São Luís - MA, 17 de junho de 2017.
Carlos Augusto Furtado Moreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário