Neste feriado de 21 de abril,
assistindo alguns programas televisivos que desenvolveram enquetes sobre o
significado da data, me chamou a atenção o desconhecimento da maioria dos entrevistados
sobre a figura de José Joaquim da Silva Xavier.
Em minha ótica, alguns fatores
contribuem para tal ignorância, destacando a atual fragilidade da educação
formal; retirada outrora de disciplinas que fazia parte dos currículos
escolares e que permitiam o acesso a tal conhecimento; destruição dos
valores nacionais; para não estender a outros.
Ao aproximar-se o final do século
XVIII, o Brasil era Colônia de Portugal, e a população sofria com os abusos
políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos, com a decretação de leis
que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. No ano de
1785, a Coroa Portuguesa proibiu o funcionamento de indústrias fabris em
território brasileiro.
A
ascensão da economia mineradora trouxe um intenso processo de criação de
centros urbanos pela Colônia acompanhada pela formação de camadas sociais
intermediárias, onde a
Capitania de Minas Gerais era grande produtora e onde era extraído ouro e
garimpado pedras preciosas. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o
quinto (vinte por cento de tudo encontrado), sendo que aqueles que eram pegos
com ouro “ilegal” (sem ter pago o imposto) sofriam duras penas, tinham
seus bens confiscados e eram degredado (enviado à força para o território
africano).
Com a grande exploração, o ouro
começou a diminuir nas minas, entretanto, as autoridades portuguesas não
diminuíam as cobranças, ao contrário, criaram a Derrama, onde cada região de
exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para
a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados
da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até
completar o valor devido.
Esses fatos foram gerando uma grande
insatisfação no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas
que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do
país. A elite brasileira da época (intelectuais, fazendeiros, militares e donos
de minas), influenciados pelas ideias iluministas da França e pela
Independência dos Estados Unidos da América (1776) trazidas por seus filhos,
enviados à Europa para concluir sua formação educacional, começaram a se reunir para buscar
uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do Brasil.
Tiradentes, sonhador e idealista,
chamado dessa forma, por conta de suas práticas na extração de dentes,
aprendidas com o tio, que cuidou do mesmo desde que seus 12 anos, quando seus pais,
portugueses, morreram, nunca se formou em dentista. Exerceu várias profissões,
mas, foi como minerador que passou a sofrer como os demais brasileiros, quando
se revoltou e passou a liderar o grupo, lutando contra essa cobrança e por justiça.
Por seus comportamentos,
versatilidade e inquietude, foi chamado de “Corta-vento”, “Gramático”,
"República" e “Liberdade”.
Após varias reuniões, um traídor, Joaquim Silvério
dos Reis, Tenente Coronel do exercito português, em troca de perdão, denunciou os
planos para os governantes. Por isso, um dia antes da Derrama, a grande maioria
dos insurretos foram presos e tiveram que esperar até três anos pela
sentença. Tiradentes, identificou-se
como líder do movimento e chamou pra si toda a responsabilidade, sendo o único
condenado à forca.
A sentença veio a se consumar em
21 de abril de 1792 no Largo da Lampadosa no Rio de Janeiro, quando Tiradentes,
com apenas 45 anos, percorreu ruas da cadeia até o local de sua execução, a
qual foi transformada em um espetáculo com discurso e fanfarra, acompanhada por
grande multidão, cujo objetivo do governo era servir como um alerta àqueles que
se revoltassem contra a corte.
"Homem sem temor algum" foi a
qualificação recebida do Visconde de Barbacena.
O cônego Luis Vieira da Silva,
co-réu do processo da inconfidência, descreveu-o como “um homem animoso, e que
se houvessem muitos assim o Brasil seria uma República florente”.
Já o frei Raimundo de Pertaforte,
responsável pela sua confissão na prisão, retratou: “Foi um daqueles indivíduos
da espécie humana que põem em espanto a própria natureza... Afoito e destemido,
sem prudência às vezes, e outras temeroso ao ruído da caída de uma folha”.
Assim, a Inconfidência Mineira,
ou Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta abortada pelo governo em
1789, em pleno ciclo do ouro. Foi um dos mais importantes movimentos sociais da
História do Brasil, significando a luta do povo brasileiro pela liberdade,
contra a opressão do governo português no período colonial.
Algumas curiosidades são
retratadas no resumo intitulado: Movimentos nativistas e de libertação –
Inconfidência Mineira – 1789 – Vila Rica, como:
1) Em uma condenação por
inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando
da execução. Afirma a lenda que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o
sino da igreja local soou cinco badaladas.
2) Na primeira noite em que a cabeça
de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, foi furtada, sendo o seu paradeiro
desconhecido até aos nossos dias.
3) A casa de Tiradentes foi
arrasada, o seu local foi salgado para que mais nada ali nascesse, e as
autoridades declararam infames todos os seus descendentes.
4) Tiradentes jamais teve barba e
cabelos grandes. Como alferes, o máximo permitido pelo Exército Português seria
um discreto bigode. Durante o tempo que passou na prisão, todos os presos,
tinha periodicamente os cabelos e a barba aparados, para evitar a proliferação
de piolhos, e, durante a execução estava careca com a barba feita, pois o
cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda.
Recentemente, segundo Antônio Paiva Rodrigues, que escreveu artigo
denominado Herói Nacional e Patrono das
Polícias Militares do Brasil, Tiradentes, as palavras do cônego Luís, podem
ser endereçadas a "maioria dos
políticos atuais, que estão destruindo a Pátria Amada pela ganância de ganhar
dinheiro fácil, através de processos deletérios, tais como: corrupção,
lavagem de dinheiro, recebimento de propinas, licitações fraudulentas, depósito
irregulares em paraísos fiscais, peculato e outras irregularidades
administrativas".
O feriado em homenagem a TIRADENTES, foi promulgado em 09 de dezembro de
1965.
São Luís – MA, 21 de abril de 2017.
Carlos Augusto Furtado
Moreira
Licenciado em História
Fontes Consultadas:
Inconfidência
Mineira. Disponível em <http://www.sohistoria.com.br/ef2/inconfidencia/>. Acesso em 21.abr.2017.
SOUSA, Rainer Gonçalves.
"Inconfidência Mineira"; Brasil
Escola. Disponível em
.
Acesso em 21 .abr.2017.
GUEDES, Lenilson. Tiradentes: Patrono das Polícias Militares Brasileiras.
RODRIGUES, Antônio Paiva. Herói Nacional e Patrono das Polícias Militares do Brasil, Tiradentes
WIKIPEDIA. Tiradentes.
Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes>.
Acesso em 21 .abr.2017.
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