segunda-feira, 19 de junho de 2017

TIRADENTES - PATRONO DAS POLÍCIAS MILITARES E CIVIS - HERÓI BRASILEIRO



Neste feriado de 21 de abril, assistindo alguns programas televisivos que desenvolveram enquetes sobre o significado da data, me chamou a atenção o desconhecimento da maioria dos entrevistados sobre a figura de José Joaquim da Silva Xavier.
Em minha ótica, alguns fatores contribuem para tal ignorância, destacando a atual fragilidade da educação formal; retirada outrora de disciplinas que fazia parte dos currículos  escolares e que permitiam o acesso a tal conhecimento; destruição dos valores nacionais; para não estender a outros.
Ao aproximar-se o final do século XVIII, o Brasil era Colônia de Portugal, e a população sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos, com a decretação de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. No ano de 1785, a Coroa Portuguesa proibiu o funcionamento de indústrias fabris em território brasileiro.
A ascensão da economia mineradora trouxe um intenso processo de criação de centros urbanos pela Colônia acompanhada pela formação de camadas sociais intermediárias, onde a Capitania de Minas Gerais era grande produtora e onde era extraído ouro e garimpado pedras preciosas. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto (vinte por cento de tudo encontrado), sendo que aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem  ter pago o imposto) sofriam duras penas, tinham seus bens confiscados e eram degredado (enviado à força para o território africano).
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas, entretanto, as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças, ao contrário, criaram a Derrama, onde cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.
Esses fatos foram gerando uma grande insatisfação no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. A elite brasileira da época (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pelas ideias iluministas da França e pela Independência dos Estados Unidos da América (1776) trazidas por seus filhos, enviados à Europa para concluir sua formação educacional, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da independência do Brasil.
Tiradentes, sonhador e idealista, chamado dessa forma, por conta de suas práticas na extração de dentes, aprendidas com o tio, que cuidou do mesmo desde que seus 12 anos, quando seus pais, portugueses, morreram, nunca se formou em dentista. Exerceu várias profissões, mas, foi como minerador que passou a sofrer como os demais brasileiros, quando se revoltou e passou a liderar o grupo, lutando contra essa cobrança e por justiça.
Por seus comportamentos, versatilidade e inquietude, foi chamado de “Corta-vento”, “Gramático”, "República" e “Liberdade”.
Após varias reuniões, um traídor, Joaquim Silvério dos Reis, Tenente Coronel do exercito português, em troca de perdão, denunciou os planos para os governantes. Por isso, um dia antes da Derrama, a grande maioria dos insurretos foram presos e tiveram que esperar até três anos pela sentença.  Tiradentes, identificou-se como líder do movimento e chamou pra si toda a responsabilidade, sendo o único condenado à forca.
A sentença veio a se consumar em 21 de abril de 1792 no Largo da Lampadosa no Rio de Janeiro, quando Tiradentes, com apenas 45 anos, percorreu ruas da cadeia até o local de sua execução, a qual foi transformada em um espetáculo com discurso e fanfarra, acompanhada por grande multidão, cujo objetivo do governo era servir como um alerta àqueles que se revoltassem contra a corte.
"Homem sem temor algum" foi a qualificação recebida do Visconde de Barbacena.
O cônego Luis Vieira da Silva, co-réu do processo da inconfidência, descreveu-o como “um homem animoso, e que se houvessem muitos assim o Brasil seria uma República florente”.
Já o frei Raimundo de Pertaforte, responsável pela sua confissão na prisão, retratou: “Foi um daqueles indivíduos da espécie humana que põem em espanto a própria natureza... Afoito e destemido, sem prudência às vezes, e outras temeroso ao ruído da caída de uma folha”.
Assim, a Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma tentativa de revolta abortada pelo governo em 1789, em pleno ciclo do ouro. Foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil, significando a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial.
Algumas curiosidades são retratadas no resumo intitulado: Movimentos nativistas e de libertação – Inconfidência Mineira – 1789 – Vila Rica, como:
1)  Em uma condenação por inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da execução. Afirma a lenda que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o sino da igreja local soou cinco badaladas.
2)  Na primeira noite em que a cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, foi furtada, sendo o seu paradeiro desconhecido até aos nossos dias.
3)  A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local foi salgado para que mais nada ali nascesse, e as autoridades declararam infames todos os seus descendentes.
4)  Tiradentes jamais teve barba e cabelos grandes. Como alferes, o máximo permitido pelo Exército Português seria um discreto bigode. Durante o tempo que passou na prisão, todos os presos, tinha periodicamente os cabelos e a barba aparados, para evitar a proliferação de piolhos, e, durante a execução estava careca com a barba feita, pois o cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda.
Recentemente, segundo Antônio Paiva Rodrigues, que escreveu artigo denominado Herói Nacional e Patrono das Polícias Militares do Brasil, Tiradentes, as palavras do cônego Luís, podem ser endereçadas a "maioria dos políticos atuais, que estão destruindo a Pátria Amada pela ganância de ganhar dinheiro fácil,  através de processos deletérios, tais como: corrupção, lavagem de dinheiro, recebimento de propinas, licitações fraudulentas, depósito irregulares em paraísos fiscais, peculato e outras irregularidades administrativas".
O feriado em homenagem a TIRADENTES, foi promulgado em 09 de dezembro de 1965.

São Luís – MA, 21 de abril de 2017.

Carlos Augusto Furtado Moreira
Licenciado em História
Fontes Consultadas: 
Inconfidência Mineira. Disponível em <http://www.sohistoria.com.br/ef2/inconfidencia/>. Acesso em 21.abr.2017.
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Inconfidência Mineira"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 21 .abr.2017.
GUEDES, Lenilson. Tiradentes: Patrono das Polícias Militares Brasileiras.
RODRIGUES, Antônio Paiva. Herói Nacional e Patrono das Polícias Militares do Brasil, Tiradentes
WIKIPEDIA. Tiradentes. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes>. Acesso em 21 .abr.2017.

DORIA. Pedro. 1789. Os Contrabandistas, Assassinos e Poetas Que Sonharam A Independência do Brasil.  2014

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