Cansada de tantos abusos dentro de um panorama lamentável que envolve a desigualdade da sociedade brasileira, o povo ocupa as ruas para protestar.
Nos últimos dias temos acompanhado pessoas de vários municípios
brasileiros se posicionando contra a corrupção, falta de segurança pública, má
qualidade da saúde, do ensino e tantas outras mazelas que nos últimos tempos
tem atormentado a sociedade brasileira.
O estopim foi o aumento deflagrado nos transportes públicos, estes, de
péssima qualidade, em quantidades insuficientes que além de não conseguirem
transportar a população, a desrespeita, não cumprindo horários, com veículos
que apresentam problemas e constantemente a frota se vê paralisada por greves
de funcionários, causando mais desconfortos e prejuízos, deixando demonstrado
claramente que só tem ganhado nessa atividade (essencial) são os empresários do
setor.
Esse “mote” foi à gota d’água que estava faltando para impulsionar a
população a lançar-se as ruas para exercer os seus mais lídimos direitos –
protesto e a exigência de melhorias.
O acúmulo dos problemas que diariamente são trazidos ao conhecimento da
população, tem a sua maior matiz nos fatos lamentáveis que envolvem a política
brasileira, onde tornou-se comum a assunção de pessoas em importantíssimos
cargos com as chamadas “ficha-sujas”, a grande maioria despreparados, mas
devidamente apadrinhados pelo poder nacional e que descomprometidos com a
sociedade, os utilizam de forma indevida envolvendo-se em falcatruas,
apossando-se dos recursos públicos de forma vil, desviando de sua destinação
para a saúde, educação, segurança pública, infraestrutura e outros, conseguindo
saírem-se ilesos da responsabilização em razão de uma legislação deficitária,
falha e complacente.
É no dizer da escritora Lya Luft que muito bem questiona a respeito
desses representantes: ... e nós aqui do
vale dos comuns mortais não sabemos o que dizer, o que pensar, o que esperar;
que esperança, aliás, deveríamos ter? Quem vai nos socorrer, nos confortar,
quem nos comanda? Que autoridades controlam nosso país, que deputados e
senadores, que ministros? Serão todos altamente corretos, altamente
experientes, competentes, conhecedores das atribuições e do alcance do seu cargo?
Ou muitos são medíocres, sem noção do que fazem, amedontrados e de cabeça
abaixada, sem saber o que fazem ali? Que fim levou à ética, responsabilidade,
seriedade entre nós?
Vivemos momentos de total insegurança, com órgãos sucateados, sem o seu material
mais importante – o ser humano em quantidades necessárias e devidamente
preparados para exercer o seu mister, e os operadores existentes trabalhando
com armas e equipamentos obsoletos e em quantidades insuficientes, recebendo
salários incompatíveis com a importância de suas funções, além de serem
obrigados a exercerem uma carga de trabalho muito além do que determina a
própria legislação trabalhista nacional, sob a égide de uma normatização
ultrapassada (regulamentos arcaicos, respaldados por leis e decretos de um
período de exceção) e o aumento estratosférico da violência e da criminalidade,
sem oportunizar a população defender-se ou a quem recorrer.
A educação conduzida sem critérios sob a égide de uma política que exija
o nivelamento dos jovens iguais às nações mais desenvolvidas, com o preparo
aquém do necessário ao ensino fundamental e que proporcione condições de acesso
com conhecimentos compatíveis, fazendo com que os ensinamentos recebidos
agonizem em suas próprias deficiências, aliados principalmente à falta de
escolas, professores mal remunerados e relativamente inabilitados, estrutura
escolar deficiente onde falta tudo: carteiras, bibliotecas, equipamentos e
instalações físicas degradantes, formando jovens deficitariamente, os quais
enfrentam significativas dificuldades para acessarem os degraus escolares
seguintes.
Uma saúde pública que não consegue atender com eficiência e eficácia os
males da população que sofre nas filas intermináveis para conseguir uma
consulta com especialistas e que em algumas oportunidades ultrapassam a metade
de um ano, com remédios cada vez mais caros, aquém da maioria da população, e
aqueles que possuem a condição de pagarem um plano de saúde enfrentando o lobby dos poderosos do setor, o que
desrespeita frontalmente as determinações da agência reguladora - ANS.
Aliado a isso, uma gama significativa de exemplos negativos de corrupção
enveredada em todos os setores públicos, corroendo a administração brasileira
em todas as esferas (federal, estadual e municipal), como um câncer que
enfraquece todo um organismo levando a um estágio terminal.
É sob esse manto que a população sai para as ruas, sacudindo esse país
de norte a sul, demonstrando sua indignação e que renega a participação de
qualquer partido político e de qualquer representante sindical, pois a
credibilidade em geral está desgastada, fazendo com que o poder público aceite
inclusive os excessos (pois nestes momentos aparecem infiltrados – meliantes
comuns – que se aproveita para praticarem atos de vandalismo e crimes de dano
ao patrimônio público e privado).
Tudo isso demonstra que um gigante adormecido, como circula nas redes
sociais e que estava deitado eternamente
em berço esplêndido – agora grita – um
povo heróico, o brado retumbante.
Os primeiros resultados já são sentidos – prefeituras municipais voltam
atrás em aumentos e reduzem preços das passagens de ônibus coletivo, com
certeza outros resultados serão conquistados. Recursos para cobrir, não faltam
– bastam que os desvios voltem aos cofres públicos.
São Luís-MA, 20 de junho de 2013.
TEN CEL PMMA CARLOS AUGUSTO FURTADO
MOREIRA
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