As crianças sempre me
despertaram sentimentos nobres, ora pela fragilidade, pureza e às vezes por
serem indefesas ou mesmo por me surpreenderem, portanto, dignas de minha
consideração, respeito e carinho.
Neste 12 de outubro – dia
dedicado a elas, mais uma vez fui buscar informações de como surgiu o Dia das
Crianças.
Universalmente a data é
comemorada
no dia 20 de novembro, vez que no ano de 1959, o Fundo das Nações Unidas para a
Infância – UNICEF oficializou a Declaração dos Direitos da Criança,
estabelecendo que toda criança deveria ter proteção e cuidados
especiais antes e depois do nascimento, principalmente referente à alimentação, amor
e educação.
Cada país comemora em uma data diferente,
variando em função da história e o significado da comemoração.
No Brasil no ano de 1923, na cidade do
Rio de Janeiro, então capital do Brasil, ocorreu o 3º Congresso Sul-Americano
da Criança. No ano seguinte, aproveitando a recente realização do evento, o
deputado federal Galdino do Valle Filho, elaborou um projeto de lei que
estabelecia essa nova data comemorativa, a qual foi aprovada pelos deputados e oficializada pelo presidente da
república Arthur Bernardes, através do decreto nº 4.867, de 05 de novembro de
1924, o qual instituiu assim o dia 12 de outubro como data oficial para
comemoração do Dia das Crianças.
Infelizmente só a partir de 1955, a
data começou a ser celebrada. Uma campanha de marketing elaborada pela
indústria de brinquedos Estrela, através do seu diretor comercial, Eber Alfred
Goldberg, lançou a chamada “Semana do Bebê Robusto”, coroada de sucessos e que atraiu
a atenção de outros empresários ligados à indústria de brinquedos.
Com isso, foi lançada uma campanha
publicitária promovendo a “Semana da Criança” com o objetivo de alavancar as
vendas, sendo que os bons resultados fizeram com que esse mesmo grupo de
empresários revitalizasse a comemoração do “12 de outubro - Dia das Crianças”
criado pelo deputado Galdino, passando a incorporar o calendário de datas
comemorativas do país.
É uma data festiva em que aos nossos
filhos, netos, afilhados e crianças ligadas ao nosso rol de amizades
proporcionamos presentes, passeios e momentos divertidos, entretanto, ainda
existe uma realidade totalmente inversa e perversa que nos deixa entristecidos
e impotentes (meninos e meninas de rua, envolvido com as drogas, desnutridos,
fora da escola, sem saúde e marginalizados), nascidos em circunstâncias
adversas, sem oportunidades, sem comida e às vezes até sem chances de sobreviver.
Como profissional da Polícia Militar
do Maranhão, tive o privilégio de após a promulgação do Estatuto da Criança e
do Adolescente – ECA, em 13 de julho de 1990, ser escolhido como oficial da
instituição para divulgar a nova lei em todo o Estado do Maranhão, integrando
uma equipe multi-institucional composta por membros do Ministério Público, da Assembleia
Legislativa, ex-Fundação Nacional do Bem Estar do Menor – FUNABEM e depois
Centro Brasileiro para Infância e Adolescência - CBIA, ex-Fundação Estadual do
Menor – FEBEM, Movimento Pró-Meninos e Meninas de Ruas de São Luís, UNICEF,
Pastoral da Criança e outros, lembrando com carinho dos companheiros daquela
missão que durou todo o ano de 1991: Dep. Est. José Costa, atual Juiz da
Infância e da Juventude, Assistentes Sociais Magnalva (in memorian) e Eliane Aranha, Denise Albuquerque, Maria José
Bacelar e tantas outras que defendia os direitos das crianças, como se elas
fossem seus próprios filhos.
Em minhas palestras, costumava contar
um episódio acontecido na década de 1940 que ilustrava bem o aspecto
civilizatório relativo às crianças.
Um
grupo de índios xavantes – povo então recém-descoberto – é levado ao Rio de
Janeiro para conhecer a civilização. Após verem tantas coisas que os aturdia,
os silvícolas, intrigados, indagavam ao sertanista que os ciceroneava como se
abastecia aquela gente toda: donde lhes vinham à carne, as frutas, os legumes,
etc. O sertanista os leva então a um grande mercado, o CEASA da época e se
orgulha em exibir-lhe as imensas pilhas de hortifrutigranjeiros que entulhavam
o pavilhão. Subitamente escuta-se um grito xavante de reunir. Todos os índios
acorrem para o lugar do grito. Quando o sertanista chega ali, depara com uma
cena inusitada: todos em roda, os xavantes, contemplavam atônitos um menininho
que comia restos de lixo no chão do empório. Inquirido, o sertanista só pode
informar que a criança devia ser de família muito pobre e certamente sobrevivia
daquela forma. A visita perdeu toda a graça para os xavantes. Só no regresso à
tribo, o sertanista compreendeu porque antes de dizer uma palavra sequer sobre
as maravilhas da nossa civilização, os xavantes emocionados, relataram a cena
do menininho comendo lixo. Fora o que mais impressionara na “civilização” do
homem branco. Para esse povo que julgávamos “selvagem”, a criança era sagrada.
Ela passava antes de tudo e de todos.
Passados vários anos, continuamos com a situação de
milhões de crianças desassistidas pelo poder público que não tem nada a
comemorar no dia dedicado a elas.
Reflitamos.
São Luís-MA, 12 de outubro de 2013.
TEN CEL PMMA CARLOS
AUGUSTO FURTADO MOREIRA
Especialista em
Gestão Estratégica em Defesa Social, Pós-graduado em Superior de Polícia e
Aperfeiçoamento de Oficiais, Licenciado em História e Bacharel em Direito
Algumas fontes:
http://www.portaldafamilia.org/datas/criancas/origemdcriancas.shtml http://guiadobebe.uol.com.br/a-origem-do-dia-das-criancas/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_Mundial_da_Crian%C3%A7a
http://www.brasilescola.com/dia-das-criancas/a-origem-dia-das-criancas.htm
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