quinta-feira, 2 de julho de 2020

TIRADENTES E OS MEUS REFERENCIAIS



Sigmund Schlomo Freud, pai da psicanálise, brindou a humanidade em seus estudos com os conhecimentos sobre o id, ego e superego, como formadores da personalidade humana, respectivamente, representados pela impulsividade, racionalidade e moralidade, resultando daí que outros estudiosos se lançassem em desenvolver ensaios e teses que nos levam a tentar compreender a mente humana.
O momento atual vivenciado pela sociedade brasileira, impulsionando-nos a um modelo de vida diferenciado da rotina do mundo moderno, em face de um isolamento social e residencial sugerido pela comunidade científica mundial, em face do aparecimento de uma doença virótica, batizada de covid-19, que se transformou em pandemia ao ultrapassar barreiras das nações, veio de encontro a uma instável situação política nacional, onde o país convive a polarização entre espectros, Direita, Esquerda e Anarquistas e que podem levar pessoas e grupos a ações violentas e extremas.
Retomo as pontuações de Freud, analisando-as, visto que nos últimos meses, uma avalanche de informações captadas ora das mídias nas redes sociais, ora dos conglomerados de notícias jornalísticas (televisivas, radiodifusão e impressos), com seus acessos mais facilitadas em razão da necessidade de preenchimento do farto tempo disponível, tentando organizá-las na estrutura de minha psique.
Neste contexto me vem a lume, referenciais, os quais me fizeram despertar as 03h00 da manhã deste 21 de abril de dois mil e vinte e não conseguir mais dar continuidade ao necessário ciclo do sono.
Os valores internalizados, fundamentados na ética e em minha espiritualidade, constituindo a minha consciência, tornou a minha vida digna e definiu meus princípios e propósitos, objetivando a fins grandiosos que foram alicerçados nos valores morais, transmitidos através do convívio familiar e que sem sombra de dúvidas me direcionaram a defender valores observados naqueles em que foram escolhidos como meus referenciais.
Ainda no começo da vida, os exemplos e as palavras de ordem na casa dos meus pais incluíam, honestidade, dignidade, respeito, responsabilidade, cortesia, otimismo, flexibilidade, solidariedade, tolerância, humildade, perseverança, entre outros; não era um lar sinônimo de perfeição, mas, havia uma busca constante pela melhoria, como seres humanos e isso se tornou um legado.
A partir daí as experiências vivenciadas contribuíram para o meu aprimoramento e é por tal que exatamente no dia do martírio de Joaquim José da Silva Xavier, despertei antes do costumeiro para referenciar meus heróis, aqueles que me são caros, pois se tornaram meus referenciais de vida.
Ao ser incentivado por meu amado pai a seguir a vida policial militar, desde o meu ingresso na Polícia Militar do Maranhão, passei a observar pessoas possuidoras de princípios (atributos morais e éticos) que pautavam as suas condutas como ser humano e profissional. De muitos oficiais, graduados e até mesmo soldados foram expressões singulares na carreira que abracei.
Certamente, decorridos quase quatro décadas desde o dia 05/03/1981, a própria fragilidade que também a mente vivencia, ficaram em seu recôndito, mas, as que pela própria convivência ao longo dos anos teve o fortalecimento de uma amizade fraterna merece ser evidenciada, até porque em alguma etapa na caserna me ofertaram orientações e ensinamentos contributivos que engrandeceram a minha performance profissional.
Nesta linha, não levo em consideração os seus defeitos e sim as virtudes humanas, defendidas por filósofos e psicólogos, traduzidas nas qualidades moral, religiosa e social, representando a disponibilidade da pessoa em praticar o bem, das quais pude abstrair de suas personalidades e comportamentos: benevolência, justiça, paciência, sinceridade, responsabilidade, otimismo, sabedoria, respeito, autoconfiança, contentamento, coragem, desapego, despreocupação, determinação, disciplina, empatia, estabilidade, generosidade, honestidade, flexibilidade, humildade, misericórdia, introspecção, entre outras.
Alguns já se encontram em outro plano de vida, entretanto, continuam a desfrutar do meu respeito, consideração e agradecimento. Guardados no recôndito de minha mente, vieram à baila quando na noite anterior recebi o brilhante trabalho O Alferes Tiradentes do Major da PMMG, Francis Albert Cotta, doutor em história pela Universidade Federal de Minas Gerais, gentilmente encaminhado pelo TC Murilo Ferreira dos Santos, presidente do Instituto de Direito e Pesquisa Militar (INBRADIM), também integrante da gloriosa Polícia Militar de Minas Gerais.
Destarte neste dia em que é comemorado no Brasil o Dia das Polícias Civil e Militar, através do Decreto-Lei nº 9.208 de 29/04/1946, em que avulta a figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que anteriormente aos acontecimentos, bases da Independência do Brasil, prestou à segurança pública, na esfera militar e civil, serviços patrióticos assinalados em documentos do tempo e de indubitável autenticidade, registro através deste crônica o meu reconhecimento a figuras que possuem características dignas de referenciais e exemplos.

São Luís – MA, 21 de abril de 2020.

Carlos Augusto Furtado Moreira


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