Há cerca de 273 anos (1746), nascia em terras
brasileiras, na Fazenda do Pombal, propriedade de seu pai, do primevo Arraial
Velho, depois Vila de São José – um dos mais antigos povoados das Minas Gerais,
situada na circunscrição territorial da Vila de São João Del-Rei, JOAQUIM JOSÉ
DA SILVA XAVIER, por autonomásia, o TIRADENTES (segundo Sérgio Martins
Pandolfo).
Figura central do que foi considerada uma das mais
importantes articulações em prol da independência do Brasil durante o período
colonial, a Inconfidência Mineira, também conhecida como Conjuração Mineira,
surgiu com a união de um grupo de militares e intelectuais que sustentava um
pensamento contestador da política da época que buscava uma forma de
desvincular o Brasil da condição de colônia portuguesa.
“A Inconfidência Mineira, foi o primeiro movimento
que reuniu um grupo de pessoas com a finalidade de criar a Pátria Brasileira, e
TIRADENTES, seu líder, foi o inconfidente que mais propagou a liberdade, como
seus companheiros presos afirmaram, e até mesmo acusando-o; seu amor pelo país
era tão grande que desdenhava dos avisos para ser mais prudente pelo risco que
sua vida corria; materialmente nada tinha a ganhar com a vitória; seu
desprendimento foi total, doou-se inteiramente ao sonho da liberdade e da
soberania. Muitos brasileiros morreram lutando contra o dominador português e
os invasores holandeses e franceses bem antes de Tiradentes nascer, mas não
estavam lutando pela nossa independência. Quando das lutas que empreenderam
pela nossa soberania, em 1822 e 1823, brasileiros morreram realmente pela nossa
independência, mas Tiradentes foi o primeiro a sacrificar-se pelo ideal da
Pátria, e por este motivo recebeu o glorioso reconhecimento de Protomártir da
Independência, isto é, o primeiro mártir, pois “proto” significa “primeiro”
(Adalberto Guimarães Menezes).
Em 20 de abril de 1792, quando foi lida a decisão
final que comutava a pena de degredo para a África para todos os condenados,
menos para ele, recebeu com serenidade a sua sentença de morte por enforcamento
e posterior esquartejamento; "sem sair de seu lugar", deu parabéns
aos outros, com "ar sincero e moderado"; pediu-lhes muitas vezes
perdão pelo que lhes fizera; ao seu padre confessor disse: "que agora
morreria cheio de prazer, pois não levava após si tantos infelizes a quem
contaminara. Que isto mesmo intentara ele, nas multiplicadas vezes que fora à
presença dos ministros, pois sempre lhes pedira que fizessem dele só, a vítima
da lei".
Frei Raimundo Penaforte, o confessor, escreveu o
seguinte sobre Tiradentes: "Foi um daqueles indivíduos da espécie humana
que põem em espanto a própria natureza. Entusiasta, empreendedor com o fogo de
um D. Quixote, habilidoso com um desinteresse filosófico, afoito e destemido,
sem prudência às vezes, em outras temeroso ao cair de uma folha; mas o seu
coração era sensível ao bem. A Coroa quisera, com o espetáculo do enforcamento,
afirmar o seu domínio sobre a colônia brasileira. Tiradentes tentara, com o
sacrifício, salvar os companheiros e abrir ao povo o caminho da emancipação
política. Um espírito inquieto, um homem leal, esse Alferes Joaquim José da
Silva Xavier, por alcunha Tiradentes - Herói sem medo de todo um povo".
Na manhã de 21 de abril de 1792 (um sábado), o
carrasco da Capitania entrou na cadeia pública do Rio de Janeiro e procurou
TIRADENTES para vestir-lhe a alva e o capuz; pediu-lhe, como de costume, perdão
pelo que iria fazer; Tiradentes respondeu-lhe: "Oh, meu amigo, deixe-me
beijar-lhe as mãos e os pés", o que fez. O carrasco chorou. Despiu-o completamente
e Tiradentes comentou: "Nosso Senhor morreu também nu, por meus
pecado?".
Se, Tiradentes foi um herói na hora da morte, maior
herói foi em vida. Seu sacrifício foi a culminância trágica do sonho
libertário, mas não foi seu holocausto que alçou a heroicidade, por mais
sublime que tenha sido, e sim o ter sido um dos idealizadores de nossa
independência, o maior articulador, o mais eficiente aliciador de adeptos, seu
maior propagador, a pessoa mais visível do sonho procurado. E é assim que
devemos imaginá-lo e representá-lo, para exemplo de todos os brasileiros: o
Alferes garboso e resoluto, que olha para a frente, confiante no glorioso
destino do Brasil! Antes de imaginá-lo morto, imaginemo-lo vivo! (Adalberto
Guimarães Menezes - Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais - Cad. nº
72 - Alferes Joaquim José da Silva Xavier).
Anos mais tarde, em 7 de setembro de 1822,
tornava-se o Brasil independente, mas o nome Tiradentes permaneceu esquecido; e
somente em 1867 erigiu-se, em Vila Rica, monumento à sua memória.
Com o advento da República, entretanto, TIRADENTES
foi declarado herói da Nação e o 21 de abril tornado feriado nacional.
O Decreto-Lei Nº 9.208, de 29 de abril de 1946,
Institui o Dia das Policias Civis e Militares, que será comemorado a 21 de
abril e a Lei Nº 4.897, de 9 de dezembro de 1965, declarou-o “patrono cívico da
nação brasileira”.
Portanto, salve TIRADENTES.
Salve as Polícias Militares (Corpo de Bombeiros
Militares).
Salve as Polícias Civis.
São Luís – MA, 21 de abril de 2019.
Cel PMMA RR Carlos
Augusto Furtado Moreira
Historiador e
Pesquisador e Presidente da AMCLAM
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